Um sabotador no Itamaraty

Um sabotador no Itamaraty

Mauro Vieira é uma figura. Não se conhece um artigo relevante, ou uma ideia original sua em alguma entrevista ou discurso. Mas está novamente no topo. É aquele burocrata cinzento que se move pelas corporações em busca de boa colocação. Teve uma postura ambígua no golpe de 2016 e foi agraciado, no governo Temer, com o cobiçado posto de Representante Permanente do Brasil na ONU (2016-2020).

Agora, como chanceler, é dado a saliências. Depois de acusar Nicolás Maduro de ser ditador e de liderar o voto pró-OTAN na Assembleia Geral da ONU, em fevereiro (“Descemos do Muro na guerra”, declarou à Veja), decide atacar Vladimir Putin às vésperas da viagem de Lula à China. Qual o objetivo? A Rússia, como se sabe, é a maior fornecedora de fertilizantes para o agronegócio e é parceira do Brasil no BRICS. Mauro Vieira afirma que o dirigente russo terá “complicações” se vier ao nosso país, após a condenação no Tribunal Penal Internacional.

O TPI, como se sabe, jamais condenou um presidente estadunidense por seguidos crimes ao redor do mundo (Kosovo, Iraque, Líbia, Afeganistão etc.) ou algum dirigente israelense por massacrar palestinos. Mauro Vieira não cuida disso. Tem mais o que fazer, como combinar cores de gravatas e abotoaduras no paletó.

P. S. Vale ainda a pena ver sua opinião sobre outro tema: “Vieira declarou que espera um ‘retorno à normalidade’ da democracia na Venezuela e afirmou que a suspensão do país no Mercosul só terá fim quando forem ‘superados os fatos que levaram à exclusão”. O país andino foi excluído do bloco em 2017 por José Serra, durante o governo golpísta de Michel Temer.

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