Ricardo Nunes: Um vereador na pele de prefeito

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Foto: R7

Após respeitar uma espécie de luto – em razão da morte de seu cabeça de chapa, Bruno Covas – o ex-vice prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, tratou de contratar uma equipe de marketing e agora sai por aí cometendo entrevistas e ações fantasma.

Nunes é um sujeito de altura mediana, veste-se como um corretor de imóveis e tem a oratória de atendente da Polishop – com a simpatia de quem quer vender um carro usado.

Vindo da Zona Norte (a menos paulistana das zonas), parece pouco habituado à cidade grande. Botou uma estátua de Adoniran Barbosa (do Bixiga) às margens da Ipiranga com a São João (imortalizada por Caetano). A Estátua do Engraxate -que deveria ficar na Praça João Mendes – fora colocada num local conhecido por NÃO TER engraxates. Paulo Vanzolini, compositor/zoologo, nascido na Paulista e morador do Cambuci, foi homenageado na Consolação. Deus está nos detalhes.

O atual prefeito tem passagens exitosas pela câmara municipal, que presidiu sem maiores solavancos . Em São Paulo as casas legislativas municipais e estaduais são meros carimbadores do executivo. O perfil de vereador não saiu de sua personalidade, que em entrevistas, passa sempre a impressão de alguém provinciano e regional. Cita ruas desconhecidas pelo nome e fala de obras que ninguém nunca viu, em lugares que as vezes nem sabemos se existe.

O mundo político o trata com respeito. Ouve-se que é gentil e cortez. Os carros usados não se vendem sozinhos, afinal.

Sua nova ambição é implantar o passe livre em São Paulo. Se o fizer, está reeleito. A esquerda, quando no poder, preferiu construir ciclovia pra playboy ir pra faculdade de bicicleta – e vai deixar o maior legado de transporte da história do Brasil na mão de um político sem a menor expressão.

São Paulo hoje parece um thriller classe D. A cidade está emporcalhada, o centro parece retirado de “Walking Dead” e absolutamente todas as grandes avenidas foram dominadas por barracas com moradores de rua, nos quatro cantos da cidade.

A grande solução de Ricardo é liberar ruas fechadas para o trânsito. Afinal, onde tem carro não dorme gente. É uma política urbanística tão ruim que chega a ser ousada. Pérolas do atraso.

Outra medida anunciada pelo prefeito foi a abertura de estacionamento gratuito no Teatro Municipal, um pedido, segundo ele, do Maestro J. Carlos Martins – que provavelmente só gostaria de parar o carro mais perto da entrada.

Hoje, a cidade que acolhe a todos completa 469 anos com shows da estirpe de Belo, João Gomes e Fresno. Além de um sanduíche gigante no Ibirapuera. Apesar disso, é um dia de celebrar o grande acontecimento antropológico que é São Paulo, construída dia após dia pelo povo trabalhador que cruza a imensidão de pedra atrás de um futuro melhor. O legado de São Paulo é a esperança. A última que morre, por sorte.

Apesar de tudo isso, deverá ser o candidato da grande máquina paulistana, com seus trocados e transportes. O passe livre pode até ajudar. A esquerda, com gestões mediocres (Marta à parte), também.

Deveremos nos acostumar com o nosso prefeito-vereador. Há um longo passado pela frente – e muito entulho vendido como carrão.

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