As redes sociais, a opinião púbica e o comportamento de manada

Redes Sociais

Verdade seja dita: as redes sociais reestruturaram a forma como as pessoas pensam, comportam-se e se manifestam. Por isso, necessária a reflexão acerca de como a opinião pública está sendo formada; frente a um ambiente onde as informações pipocam em segundos e, na mesma velocidade, instigam o leitor a interagir de maneira impensada frente aos mais diversos e complexos temas.

O comportamento de manada tem sido frequentemente utilizado para justificar certas posturas nas redes sociais. Primariamente, ele decorre do comportamento dos animais que andam em bandos, ao fugir de um predador. Projetado esse raciocínio aos seres humanos, busca-se explicar a tendência das pessoas de seguir um influenciador (líder) ou um grupo, propensas a acreditar que esses últimos estejam mais bem informados acerca de um assunto, sem que a decisão passe, necessariamente, por sua reflexão pessoal.

Um exemplo vulgarmente utilizado para ilustrar esse fenômeno é quando procuramos um restaurante para jantar. Se passamos próximo a um restaurante que tem fila, assumimos que ele é bom e ficamos na fila também. Com isso, outras pessoas imitam a nossa atitude e, assim, a fila cresce.

Mas, esse efeito (de manada) também se faz presente quando realizamos julgamentos e formamos nossas opiniões. Por vezes, ele pode ser explicado pelo medo que temos de não sermos aceitos pelo grupo do qual pertencemos. Por outras, decorre da falta de conhecimento sobre determinados acontecimentos. Eis aonde mora o perigo: a desinformação dos usuários nas redes sociais torna-se “um prato cheio” para manipulação da opinião pública.

A BBC Brasil relatou, em matéria de 09 de dezembro de 2017, a existência de um “exército de fakes” nas redes sociais. Eles reuniram evidências ao longo de três meses que, ao final, sugeriram a existência de um grupo de usuários identificados como fakes, destinado à manipulação da opinião pública nas eleições de 2014. A estratégia compreendia influenciar os usuários a dar “curtidas” em postagens, fazer elogios a determinados políticos, atacar os seus adversários, dentre outras.[1]

Uma perspectiva deste assunto decorre do conceito de desindividualização. As pessoas, movidas pelo comportamento de manada, perdem o senso de responsabilidade, de auto-avaliação e de culpabilidade, enfraquecidas por fatores característicos das redes sociais, tais como o “anonimato”, a impessoalidade (que blindam os efeitos de suas ações) e o sentimento de pertencimento a um grupo (que lhes motiva e confere segurança e proteção). Como consequência, elas distanciam-se de suas identidades e, como se estivessem contagiadas, passam a seguir cegamente as ideias e emoções predominantes daquela massa.

Na busca por uma política mais transparente e, em meio a frequentes casos dessa natureza, o Facebook declarou: “as políticas do Facebook não permitem perfis falsos e estamos o tempo todo aperfeiçoando nossos sistemas para detectar e remover essas contas e todo o conteúdo relacionado a elas. Estamos eliminando contas falsas em todo o mundo e cooperando com autoridades eleitorais sobre temas relacionados à segurança online, e esperamos tomar medidas também no Brasil antes das eleições de 2018”.[2] Que assim seja…

[1] Disponível em:  http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42243930. Acesso em 19 de abril de 2018.

[2] Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-42280664 Acesso em 19 de abril de 2018.

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