Um perfil psicológico do presidente Jair Bolsonaro

um perfil psicológico do presidente Jair Bolsonaro

Não há personalidade mais fácil de ser analisada, mesmo por um leigo em Psicologia, do que Jair Bolsonaro. Como ensinaria Freud, a personalidade dele, como a de todo  mundo, se divide supostamente em três partes: id, ego e superego. O id é o lugar da libido primária, dos instintos sexuais básicos, dos desejos reprimidos, dos traumas, do ódio contido. O ego é a personalidade aparente, que se espera normal. E o superego é a parte da psique que deveria controlar o todo a partir da percepção das limitações impostas pela convivência social.

Bolsonaro, como qualquer um  pode reconhecer num relance, não tem superego. Seu ego funciona absolutamente livre, sob controle do id, ou seja, dos instintos básicos. É por isso que ele se move pelo ódio. Algum trauma muito profundo deve tê-lo acometido na infância, e a solução patológica, nesses casos, quando não existe em volta uma atmosfera sadia para neutralizar a causa do trauma psicológico, é o recalque. Assim como o instinto sexual selvagem, o trauma fica escondido até que apareça oportunidade para que aflore livremente.

Para Bolsonaro, essa oportunidade surgiu fazendo aflorar fortes sintomas de ódio incontrolado ainda quando  era deputado. Ninguém o levou a sério: foi tomado como um desajustado comum, que falava e gritava sem consequências. Indiferente a esses sinais patológicos, a maioria da sociedade o elegeu presidente. Agora, tendo à mão o poder da Presidência, Bolsonaro se acha no direito de fazer qualquer violência. É sua grande oportunidade de pôr para fora o id que traz dentro de si, gozando de total liberdade de ação.

A partir dessa indicação sumária é possível entender porque Bolsonaro insultou uma parlamentar no plenário da Câmara dizendo que ela não merecia ser estuprada. Condenado pela Justiça, teve que voltar atrás, mas se escondeu debaixo de uma desculpa: o motivo foi o calor das discussões. Entretanto, todos os que tiveram oportunidade de ouvir seus discursos sabem que aquele insulto refletiu exatamente o que ele pensa. Por razão de algum trauma, Bolsonaro é misógeno, homofóbico, preconceituoso contra nordestinos, rancoroso.

Exigido pelo id e sem controle do superego, o ego de Bolsonaro fala e age como se não tivesse restrições de forma alguma. Ele encara a Presidência como um patrimônio pessoal, não um encargo político. Com a maior cara de pau, diz em público que quer “beneficiar” o filho, sim, como se a Embaixada nos Estados Unidos pudesse ser uma espécie de presente de aniversário em família. Exprimindo os impulsos de morte do id, insulta governadores e o próprio Nordeste, ataca partidos, demite pela imprensa funcionários públicos corretos.

A personalidade fragmentada de Bolsonaro se reflete no seu discurso. Não tem uma fala contínua e fluente. Fala aos pedaços. É um típico tuiteiro que seria incapaz de escrever uma carta. Suas frases são entrecortadas e muitas vezes ficam inconclusas, forçando o interlocutor a complementá-las com o que, supostamente, é seu pensamento. Estão recheadas de clichês, indicando sua falta de preparo para um discurso lógico. Toda vez, por exemplo, que se refere aos Estados Unidos, justifica sua subserviência com a repetição da mesma frase: “É a maior potência econômica e militar do mundo”. A seu ver, isso justificaria nossa subserviência, inclusive a entrega do pré-sal.

O Brasil está em risco sob Bolsonaro. Peço aos psicanalistas que tem algum grau de responsabilidade pública a se pronunciarem sobre os indícios dessa personalidade doentia em termos profissionais. A nação está sendo governada por um id pervertido. O ego presidencial está sob controle dele. Ao contrário de mim, amador em estudos de doenças psíquicas, é preciso que alguém, ou um conjunto de médicos com autoridade nesse campo, faça um diagnóstico profissional a respeito da sanidade do presidente da República para as providências necessárias por parte das outras instituições da República.

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