Para o centrão não importa a cor do gato. Nem para nós

Por Caio Barros - O carismático Rodrigo Maia não meteria medo em ninguém se caísse na esparrela de se apresentar como cabeça de chapa na eleição presidencial. O texto de Milton Temer, portanto, começa enguiçado pelo fato de que a viabilidade eleitoral do atual presidente da Câmara, que teve 50 mil votos para deputado federal no Rio de Janeiro, sendo o 29° mais votado do estado, é próxima de 0. A coletiva do presidente da Câmara de ontem, dia 09/10/2020, revela absolutamente o contrário das ilações do Psolista. O discurso acerca da questão tributária de Maia demonstra muito mais convergência para com o projeto nacional de Ciro que uma “linha de colisão dificilmente contornável”.

Por Caio Barros – O carismático Rodrigo Maia não meteria medo em ninguém se caísse na esparrela de se apresentar como cabeça de chapa na eleição presidencial. O texto de Milton Temer, portanto, começa enguiçado pelo fato de que a viabilidade eleitoral do atual presidente da Câmara, que teve 50 mil votos para deputado federal no Rio de Janeiro, sendo o 29° mais votado do estado, é próxima de 0. A coletiva do presidente da Câmara de ontem, dia 09/10/2020, revela absolutamente o contrário das ilações do Psolista. O discurso acerca da questão tributária de Maia demonstra muito mais convergência para com o projeto nacional de Ciro que uma “linha de colisão dificilmente contornável”.

Nenhum cirista nutre qualquer ilusão de que o neoliberal Rodrigo Maia vai se converter ao desenvolvimentismo caso tenha a habilidade de trazer nacos do DEM para a chapa do Projeto Nacional. Uma aliança ampla requererá negociações amplas. Mas se a questão tributária, que é o cerne da disputa política que interessa, já apresentar convergências de saída, todas as outras concessões podem ser mais fáceis de serem negociadas.

A sucessão na Câmara se dá sobre algumas premissas factuais incontornáveis: a esquerda tem 133 de 513 e tanto partes do PSB quanto do PT sinalizaram o voto em Lira. Ou seja, nem com 133 podemos contar. A hegemonia da casa é disputada entre a direita e a extrema direita, que apresentam enormes diferenças programáticas entre si. O Psol quer apostar no “simbolismo”, convocando a esquerda para uma aventura de candidatura natimorta, perigando entregar o comando da casa ao ungido pelo bolsonarismo. Com eles será sempre assim, de Haddad a Boulos. O que importa é uma campanha linda. Agora, se a esquerda for inteligente, articula espaços de poder real em comissões importantes e Mesa com o candidato de Maia e atenua o programa econômico fracassado de Guedes. É isso ou lacrar no twitter. Um clichê precisa ser incorporado: política é correlação de forças. De todo modo, o impacto das disputas pelo comando do legislativo nas eleições presidenciais de 2022 é também irrelevante.

Assim, não temos que recuar em nada na estratégia de atrair a direita, chamada de centro pela imprensa, para a chapa de Ciro. O fracasso econômico do neoliberalismo será percebido pelo eleitorado. Quem defender esse programa terá votos suficientes para se reproduzir? É por isso que Ciro tem sido tão atrativo para forças políticas de direita: trata-se de uma questão de sobrevivência eleitoral. Muitos deputados que chegaram ao poder defendo a ortodoxia neoliberal deverão mudar de discurso econômico para sobreviverem. Muitos já sentem o cheiro de sangue na água. A ideologia do centrão é o poder. Vai ficando cada vez mais claro para o mundo polítio que o Brasil precisa mudar de rota na economia para crescer. E qual o candidato competitivo que vem apresentando diagnósticos e alternativas econômicas com maior clareza e ímpeto?

Se Maia sinaliza a defesa de uma política tributária progressiva, devemos comemorar o fato de que sua leitura do livro de Ciro Gomes tem surtido algum efeito. Que a esquerda purista se articule para uma chapa natimorta para marcarem posição. Nós, por outro lado, precisamos de ajudar o povo no real e não no simbólico, chega de neoliberalismo progressista e de palavras de ordem! Crescimento econômico e reforma tributária progressiva devem ser o cerne programático de qualquer aliança para a chapa de 2022. Não importa cor do gato.

Por: Caio Barros.

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