GUSTAVO CASTAÑON: Não defendo todas as expulsões, só uma

GUSTAVO CASTAÑON: Não defendo todas as expulsões, só uma. Tabata Amaral

Não acho que devemos expulsar todos os deputados que votaram a favor da reforma.

Nossos inimigos estão cobrando isso abertamente, com um sorriso de orelha a orelha de quem usou o poder da caneta para aprovar a reforma mas não permitiu que o próprio partido votasse.

É do jogo vagabundo que a gente conhece de quem governou para as elites quando teve o poder.

O PDT, corretamente, tinha fechado questão contra a reforma de Bolsonaro porque ela é um ajuste no lombo da classe média e baixa, extremamente cruel.

Mas a verdade é que essa reforma que passou ontem é muito menos pior do que a enviada pelo Governo Bolsonaro.

E nós fechamos questão contra a reforma do Bolsonaro.

Não acho que devemos nos isolar ainda mais e satanizar o Centrão nem os deputados que votaram com a proposta da Câmara.

Acho que temos que tirá-los de todas as funções partidárias e negar seu acesso ao fundo eleitoral.

Eles quiseram as emendas do Governo, que se virem para financiar suas campanhas.

Mas eu defendo a expulsão da Tabata Amaral.

Porquê?

Não, eu não a satanizo de nenhuma forma.

Acho que é uma pessoa de muito valor, não estou fazendo média alguma aqui.

Acho que é uma aliada em muitas pautas, uma liberal de verdade hoje em dia é uma aliada do campo democrático que ainda quer manter um Estado para cumprir as funções básicas de saúde e educação, assim como garantir as liberdades democráticas.

Mas o problema dela é menos ter votado nessa reforma, cruel, mas melhor do que a do Bolsonaro.

O problema é que ela não é do nosso partido, não respeita a vida partidária e responde a outro partido.

Temos que expulsá-la pelos motivos certos.

Se hoje nós punimos ela com menos que a expulsão, amanhã ela estará novamente absolutamente surda aos apelos do partido, muda nos seus debates internos, para falar em nome de seu verdadeiro partido, o “movimento Acredito” e dizer que vota com a própria consciência e não por motivos “ideológicos”.

Mas um partido de verdade é “ideológico”, não no sentido da falsa consciência de que fala Marx, mas no sentido que a direita ignorante usa a palavra, de ter um conjunto de crenças e valores inegociáveis.

Isso é uma virtude, se é defeito para alguém, é porque essa pessoa é que não tem virtude partidária.

Erros, discordâncias eventuais ao partido podem e devem ser tolerados em alguma medida.

Independência de pensamento é uma virtude.

O PDT é tolerante e não é centralista.

Mas independência de atuação do partido, e obediência na atuação a seus financiadores e veículos de mídia, não podem ser tolerados.

Isso não é independência, é dependência absoluta. De outros.

Esses movimentos criados por milionários para recrutar, cientificamente, jovens com histórico de superação pessoal para defender o ideário liberal não são só imorais, eles são criminosos, porque burlam a proibição da lei de financiamento de empresas para políticos.

Agora eles mostraram sua verdadeira face, e seus financiados também mostraram a quem obedecem a qualquer custo.

Deputados “não-ideológicos” e que desprezam partidos não nos interessam.

Isso não é nova política, é a face velha, carcomida e horrenda da compra da consciência de novos talentos com financiamento e tapetes vermelhos.

Não adianta se esconder em rostos bonitos.

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