O ‘europeísmo’ de Slavoj Zizek e sua decadência

O 'europeísmo' de Slavoj Zizek e sua decadência

O “europeísmo” do Slavoj Zizek, isto é, sua obsessão com a identidade europeia, chegou a um nível canhestro, atrapalhando sua própria capacidade analítica.

Em um texto horroroso de análise da situação ucraniana, ele afirmou que tanto EUA quanto Rússia são duas potências decadentes.

Que porra de análise é esta? Os EUA, de fato, enfrentam muitos problemas, têm infra-estrutura defasada, pobreza galopante, sofreram uma humilhação militar no Afeganistão, etc. mas possuem o dólar, a maior capacidade militar (disparada) do mundo e praticamente impõem sua vontade sobre toda a Europa, que mal conseguiu fazer valer suas opiniões nesta crise atual — talvez se fosse a Merkel no lugar do atual social-democrata anódino estariam melhores.

Já a Rússia vive um ressurgimento, após a brutal decadência dos anos Ieltsin. Desde 2015, pelo menos, intervém nos assuntos mundiais como ex-potência em busca do seu lugar ao Sol. Sua aliança política com a China, além das parcerias recentes com Irã e até com a Turquia, para formar um bloco eurasiático, integrado à inciativa “um cinturão, uma rota” e à Nova Rota da Seda, é o maior fato geopolítico de nossa era. A economia mundial deslocou seu centro de gravidade para o Oriente, o que vai de acordo com a estratégia russa.

A real é que a verdadeira decadente na história toda é a Europa, a menina dos olhos de Zizek. Sem independência militar, subordinada à Otan e ao dólar, destituída de qualquer visão alternativa de futuro em relação aos EUA, é cada vez mais irrelevante e suscetível a nostalgias imperiais vãs. Zizek, tão bom para analisar psicanaliticamente os outros, não consegue perceber que sua postura é um grande recalcamento da verdadeira conjuntura, o que acarreta em análises políticas cada vez mais caricaturais.

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