Identitarismo e a crítica marxista das opressões

Identitarismo e a crítica marxista das opressões

Eu entendo o incômodo que o vídeo mais recente do meu canal causou em certas pessoas e organizações.

É muito fácil taxar tudo de pós-moderno e não encarar os problemas de frente. Identidade existe, é historicamente constituída, transpassa as configurações de classe, e a identidade universal, uma representação idealizada da classe dominante, também incide nas organizações de esquerda.

Essa identidade dominante é branca, heterossexual, masculina e com ares aristocráticos. No meu vídeo sobre representatividade eu coloco que defendo sim representatividade, mas não nas estruturas do capital e do poder burguês e sim nas organizações, espaços de resistência e luta.

Se a maioria da nossa classe trabalhadora, que não é uma abstração no espaço-tempo, é feminina e negra, as organizações da classe devem, em sua composição social, espaços de direção e formação de figuras públicas/intelectuais, representar sim essa configuração histórico-concreta da classe.

Claro que isso é processual, bem pensado, e não como simples representatividade vazia, uma espécie de obrigação formal.

A moral da história é que para alguns “marxistas” a crítica ao “identitarismo” serve para manter o local privilegiado de direção/formulação teórica para o mesmo perfil de sempre. É uma espécie de corporativismo pequeno-burguês.

Ainda tem o elemento da preguiça, é claro. É mais fácil dizer que tudo é pós-modernismo ou identitarismo do que formular uma teoria marxista da identidade e da luta pelo reconhecimento com qualidade, consistência e bem melhor que os pós-estruturalista.

O vídeo em questão: https://www.youtube.com/watch?v=tTqYPuZnwbs

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