Todos os meus amigos sabem que detesto Bolsonaro. Mas a situação é tão grave que hoje esperei, sinceramente, que fizesse, à nação, um discurso pelo menos razoável. Ontem, reunido com governadores, ele havia adotado um discurso conciliador.
A Presidência da República pode convocar que ela quiser: o melhor epidemiologista, o melhor estatístico, o mais experiente sanitarista, agências de pesquisa de opinião, os grandes publicitários. Nessas condições, é muito fácil produzir um grande discurso.
Sentei na frente da televisão com curiosidade sincera e o coração aberto. Ele poderia construir, habilmente, uma inflexão.
Ouvi uma fala criminosa, incompetente, calhorda, amadora, provavelmente escrita pelo 03, ou pelo 02, ou por algum aspone ridículo.
Manifestei minha perplexidade, e minha mulher me chamou de ingênuo: “Bolsonaro é isto!”
Eu sempre soube que ele é isto. Mas sempre consegue ser pior, sempre pior.
Derrubá-lo do poder é caso de salvação nacional. Urgente. O resto é perfumaria.
Por Cesar Benjamin