Uber, iFood, e a farsa do “empreendedorismo”

Uber e iFood já são a principal fonte de renda de mais de 4 milhões de brasileiros – muitos, inclusive, engenheiros, advogados, educadores físicos, professores, fisioterapeutas etc.

Em situação de desemprego e extrema dificuldade de inserção de jovens no mercado de trabalho, soluções individuais de busca de renda, como oferecer um serviço ou montar um pequeno comércio, tem sido a alternativa de milhões de brasileiros para tentar sobreviver.

Infelizmente, isso não é solução de nada. Atividades assim fazem apenas a redistribuição da renda que já circula na sociedade. Se você vende artesanato ou abriu uma pequena barbearia, para seu negócio ter algum lucro, ele depende do nível de renda geral da população. A conta é simples.

Redução dos empregos + cortes de direitos sociais e políticas públicas + redução do salário médio + aumento do custo de vida + redução da capacidade de consumo devido a endividamento.

A consequência é bem simples. As pessoas vão ter cada vez mais dificuldades financeiras para sobreviver, conseguir pagar o básico das contas. Isso significa que sua pouca renda será cada vez mais destinada a comprar o essencial: comida, pagar as contas de água e luz, aluguel, transporte etc.

Com isso a renda disponível para gastos “extras”, como comprar aquele chocolate especial, tomar o Açaí, ir no barbeiro, se matricular na academia etc., é cada vez menor.

Segundo dados do IBGE, entre 2013 e 2017, mais de 350 mil empresas FECHARAM as portas no Brasil.

Os próximos anos não vão ser diferentes. Em breve até empresas como a Uber vão ter crise de faturamento – primeiro, é claro, vão contornar a redução do número de clientes aumentando as taxas sobre os motoristas para manter seu nível de lucro.

Enfim. “Empreendedorismo” não vai tirar o país do abismo, muito menos garantir seu emprego e renda. Isso é uma bela de uma ilusão. Uma farsa com gosto de tragédia.

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